Para que não se repita

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pela Assembleia Geral da ONU em 10 de Dezembro de 1948, foi a resposta das Nações que derrotaram o nazismo e o fascismo na II Guerra Mundial.

Seu ARTIGO 1° diz: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

É uma mensagem clara e direta contra as arbitrariedades, o culto ao ódio e à violência, a intolerância e todas as formas de perseguição que esses regimes nefastos causaram à humanidade.

Passados 75 anos vemos ressurgir aquilo que pensávamos estar guardado nos livros de História. Uma onda internacional de nazifascismo se espalha com velocidade crescente e explicita, outra vez, mundo afora, o mesmo discurso nocivo de ódio dos anos 1930 na Europa.

No Brasil não é diferente e vimos a extrema-direita expandir sua fala fundamentalista nos últimos anos. Foram muitos ataques à nossa frágil Democracia, aos direitos civis e ambientais, ao direito à vida, à saúde e à educação; o LawFare descarado que puniu injustamente e destruiu empresas e empregos. Vimos explodir o feminicídio, o racismo e a intolerância religiosa e a perseguição à parcela LGBTI+ colocando o Brasil como o país que mais mata transexuais e jovens pretos periféricos no mundo.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, que trata da dignidade humana, acabou transformando-se na maior bandeira das esquerdas brasileiras e é nela que nos apoiamos para combater a extrema-direita que rejeita todas as formas de liberdades individuais das cidadãs e cidadãos.

O #8J foi a expressão da tentativa de ruptura que parcela da sociedade pretendeu impor ao Brasil logo após a posse do Presidente Lula, legítima e democraticamente eleito.

Vale relembrar.

Logo após a proclamação do resultado final da eleição presidencial de 2022, uma série de acampamentos foram montados em frente a quartéis de todo o país pedindo intervenção militar. Paralisações de caminhoneiros buscaram impedir a livre circulação em rodovias, crescia a narrativa de fraude eleitoral nas mídias sociais, fakenews eram fartamente distribuídas em aplicativos de mensagem sem qualquer pudor.

Então começaram a surgir sinais mais claros do que se avizinhava.

Na noite de 12 de Dezembro de 2022, um grupo de apoiadores do Presidente derrotado tomou as ruas do centro de Brasília, na região da sede da Polícia Federal do DF, quebrando o que encontravam, incendiando carros e ônibus, destruindo tudo o que era possível destruir. A NOITE DO CAOS, como ficou conhecida, só terminou após confronto com a PM local e nenhum dos protagonistas foi preso.

Na noite de 24 de Dezembro, véspera do Natal, uma tentativa de explosão de um caminhão combustível no aeroporto de Brasília foi abortada pelas Polícias Civil e Militar do DF, e pela Polícia Federal, que identificaram os responsáveis “insatisfeitos” com o resultado da eleição presidencial.

A série de tentativas de golpe termina em 8 de Janeiro de 2023. #8J.

Milhares de fundamentalistas apoiadores do Presidente derrotado marcharam para a Praça dos 3 Poderes. Invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal com o objetivo de tomar o poder pela força. Um atentado à Democracia, ao Direito e à Liberdade.

Nenhum dos supostos manifestantes estava lá para confraternizar ou se manifestar pacificamente. Desde a derrota na eleição essas pessoas pediam intervenção militar e fechamento do STF o que, por si só, já é um crime grave.

Quem os defende diz que haviam velhinhas empunhando bíblias entre os presos; gente doente e sem armas; alcançam o cúmulo do cinismo ao dizer que sem armas não se dão golpes de Estado. Certamente esqueceram de 1964. Nenhum tiro, nenhum morto durante o golpe militar de 31 de março.

Mais uma vez recorremos à Declaração Universal dos Direitos Humanos contra a barbárie e o nazifascismo tupiniquim para combater um mal que, ao que parece, quer voltar.

É preciso – e urgente – que todos os responsáveis pelo #8J, todos, sejam velhinhas com bíblias, sejam jovens e adultos que depredaram os edifícios símbolo da Democracia brasileira, os que financiaram, divulgaram e incentivaram a tentativa de golpe, sejam indiciados, julgados e, eventualmente, punidos exemplarmente. Todos, sem exceção.

Sob pena de vermos nossa jovem e frágil Democracia se quebrar como um vaso de cristal diante de todos os democratas deste país. 

Não faltam golpes e rupturas ilegais em nossa história. Vamos passar de fase.

Definitivamente.

#8J NUNCA MAIS

2 respostas

  1. Sem anistia!
    Que TODOS os golpistas e terroristas, estejam no rigor da Lei.
    Todos sabemos de alguém que foi em Brasília, vivia nos acampamentos militares pedindo o golpe